quinta-feira, 22 de julho de 2010

IV. Raízes

A primeira característica de Nilly é a ligação com a terra. Uma ligação gestada na infância. Imagino a infância de Nilly em uma fazenda ou passando férias na casa da avó, com um quintal grande, em uma cidade bem pequena, com muitos primos, primas e vizinhos, tios e visitas... Ou mesmo em uma casa de bairro de cidade grande, com cachorros, gatos, árvores, muitas brincadeiras.

Existe um universo mágico que muitas crianças, principalmente as que são criadas em cidades grandes, não têm oportunidade de conhecer. A magia de acompanhar uma galinha chocando um ninho e, após 21 dias, ver os pintinhos quebrando os ovos e em poucos minutos já saírem piando e andando...

Pois esse é o primeiro elemento: terra! Uma fada tem que ter ligação forte com a terra. Tem que ter raízes! Tem que ter intimidade com a vida/morte/vida. Tem que viver naturalmente os ciclos da natureza, da fertilidade, da doença, da caça e da pesca, da noite e do dia, da chuva e do sol, das estações. Tem que estar ligada ao nosso planeta. Seu instinto tem que estar naturalmente desperto, ligado aos fluxos da natureza.

Humpf! Eu fui criada em cidade grande... Então não posso ser uma fadinha?

Não é bem assim, Ana! Tem gente que é criado na roça e nunca terá raízes de verdade... E há pessoas que conseguem isso com o simples contato com um vasinho de flor . Ou um aquário, ou um cercadinho de grama...

E porque é tão importante esse vínculo com a natureza?

Muita gente vive como se o mundo fosse um grande shopping. E isso não é verdade. Nosso mundo não é um shopping. Nem somos meros hóspedes. Somos parte desse mundo! Quem não se sente verdadeiramente parte dele, para usufruir e contribuir, perde a oportunidade de ter o mais certeiro vínculo com o criador: a natureza.

Um comentário:

Aline disse...

"Em Setembro e já é primavera
E Setembro está quase no fim, mas já chegou a primavera.
Eu me preparei para ela.
Plantei uma semente.
E tomei um banho de chuva.
Acordei mais cedo e senti também o orvalho.

Vi flores no caminho para o trabalho.
Fotografei flores quando voltava para casa.
Fui à varanda sentir o vento.
E deixei bagunçar os cabelos.
À noitinha fui inspirar e respirar consciente.
De repente adormeci.

O sol parecia apressado.
Parece que ele queria que eu o avistasse mais cedo possível.
Fui para a rua, sentei na calçada.
E vi uma dança de pássaros.
Era uma festa.
É quase outubro... Mas ainda é primavera.
Novembro há de chegar.
Em dezembro completo 30 primaveras em uma só vida.

A primavera é minha preferida.
Mas sou gentil com o verão.
Eu gosto de sentir o sol arder e dormir sem cobertor.
E meus amigos costumam se reunir comigo nessa estação.

No outono só me encanta o chão.
Coberto de folhas secas e húmus.
Incomoda-me o frio que se apresenta aos poucos.
Mas serei gentil com ele.
Vou deixar que ele me toque.

No inverno...
Ah! Esse me parece chato.
Mas não vou me rebelar.
Talvez hibernar como o urso...
E vou plantar outra semente.

E quem sabe eu complete 31 primaveras em uma só vida?"

Aline