quinta-feira, 22 de julho de 2010

Fadas do nosso mundo

Tem gente que não acredita em fadas.

Eu acredito!

Até porque já conheci algumas, então não é nem questão de acreditar... É uma questão de saber enxergar.

As fadas de verdade existem em nosso mundo... Estão ao nosso redor, convivem conosco. Só que elas agem de modo sutil. A maioria das pessoas nem se dá conta da presença delas.

Vou falar um pouquinho de como eu as vejo…

I. Falando de sapos, príncipes, princesas e fadas!

Costumo perguntar para as minhas amigas se elas acreditam em príncipe encantado, fadas, essas coisas... Faço sempre uma pergunta específica:

– Você acredita na história da princesa que transforma o sapo em príncipe?

Algumas respondem que sim e dá pra ver um brilho romântico e sonhador em seus olhos. Outras respondem enfaticamente não. E percebe-se lembranças doloridas, enganos e desilusões.

Vou criar uma personagem que vou chamar de Ana para representar todas essas conversas.

Costuma ser assim:

Ana, você acredita em príncipe?

Não. Essa história de príncipe não existe!!! Não quero saber de príncipe.

Pois se você ouvir minha teoria vai querer sim.

Sério? E qual sua teoria?

A maioria dos homens são sapos. Imagina um monte de sapo na beira da lagoa, jogando bola, tomando cerveja, contando piada. Pois é. Tudo sapo.

Hahaha! Concordo! E isso prá não falar coisa pior...

Mas existem algumas poucas mulheres, realmente muito poucas... Que são um misto de princesa e fada. E elas existem de verdade. No nosso mundo real!O maior poder que essas fadas princesas têm é o dom de transformar sapos em príncipes. Só que não é nada fácil! Não acontece do jeito que a gente ouve nas história. Não basta dar um beijo! Sabe por quê?

Por quê?

Porque vida de sapo é muito boa! Os sapos não querem virar príncipes. Eles têm bola, cerveja, sol, carros e outros brinquedinhos... Pra que deixar de ser sapos? Além disso, sabe o que os sapos mais gostam?

De quê?

Sapo gosta de correr atrás de perereca!!! E convenhamos: pra correr atrás de perereca basta ser sapo!!!!

hahahaha! Verdade!!! É isso mesmo!!!!

Por isso que te disse que você ia querer um príncipe. Ou melhor: um sapo!!! O mais difícil, no entanto, é saber escolher o sapo!

E como é que se escolhe?

Aí começam as dificuldades! As mulheres querem sair por aí escolhendo príncipes... Ou ainda mais: que os príncipes venham até elas do nada. E as coisas não funcionam desse jeito. Na maioria das vezes o que acontece é que as sapinhas – vamos chamar assim, ao invés de pererecas; fica mais carinhoso!!! – se fantasiam de princesas, e saem em busca do seu príncipe. Os sapinhos, por sua vez, se fantasiam de príncipe e os dois se encontram por aí! Engraçado é que às vezes até dá certo!! Rsrs

Entendi. E qualquer mulher pode se transformar em princesa? Assim como os sapos podem se transformar em príncipes?

Hum... Será que pode? O que você acha?

II. Uma mulher pode se transformar em fada-princesa?

Então, uma mulher pode ou não pode se transformar em fada?

Ana, assim como os sapos que não querem virar príncipes, nem toda mulher quer ser fada! E quer saber a verdade? O Criador é um cara MUITO sábio! E MUITO generoso! Ele nos permite escolher o papel que desejarmos na vida. O de princesa-fada é apenas um deles. E é um dos mais difíceis...

Tá! Mas e se eu quiser me transformar em uma fada?

Ah! Para ser uma fadinha de verdade, de verdade mesmo, é preciso ter muito mais do que conhecimento. É preciso sabedoria! O tipo de sabedoria que só se adquire vivendo muito, muito tempo. Interessante é que isso não quer dizer anos de idade. Já conheci fadinhas que mal saíram da adolescência!

Deixa de enrolar! Fala logo!

Então vou contar a história de uma fadinha. Uma fadinha muito especial!

E quem é ela?

É uma fadinha que estou procurando. Ainda não a conheço, nunca a vi. Ninguém me falou dela e não li sua história em lugar nenhum. Nem o nome dela eu sei! Mas sei tudo sobre ela.

Você é doido!

rsrs! Pode ser. Mas é a história de uma fadinha de verdade! Quer ouvir?

Conta logo!

III. História de uma Fadinha de verdade

Comecei contando a história da fada e do sapo assim meio de brincadeira...

Daí me fizeram uma pergunta:

“Uma mulher pode se transformar em fada?”

Essa pergunta me inquietou. Pensei muito em como uma mulher se transforma em fada.

Pra começo de conversa, tem gente que acha que fada é um ser do mundo fantástico, em companhia de gnomos, bruxas, magos, anjos, em meio a encantamentos, sortilégios, feitiços e poderes ocultos.

Eu já penso diferente. Existem fadas no nosso mundo. Fadas que têm um poder real, sutil e poderoso.

Cada princesa-fada é única e elas são tão diferentes entre si quanto uma obra de arte é diferente de outra. Pois a transformação em princesa-fada é uma arte! Uma arte de uma vida inteira.

Imaginei como uma mulher se transforma em fada e resolvi contar a história da vida dela. Vou até dar um nome para essa fadinha... Vou chamá-la de “Nilly”.

IV. Raízes

A primeira característica de Nilly é a ligação com a terra. Uma ligação gestada na infância. Imagino a infância de Nilly em uma fazenda ou passando férias na casa da avó, com um quintal grande, em uma cidade bem pequena, com muitos primos, primas e vizinhos, tios e visitas... Ou mesmo em uma casa de bairro de cidade grande, com cachorros, gatos, árvores, muitas brincadeiras.

Existe um universo mágico que muitas crianças, principalmente as que são criadas em cidades grandes, não têm oportunidade de conhecer. A magia de acompanhar uma galinha chocando um ninho e, após 21 dias, ver os pintinhos quebrando os ovos e em poucos minutos já saírem piando e andando...

Pois esse é o primeiro elemento: terra! Uma fada tem que ter ligação forte com a terra. Tem que ter raízes! Tem que ter intimidade com a vida/morte/vida. Tem que viver naturalmente os ciclos da natureza, da fertilidade, da doença, da caça e da pesca, da noite e do dia, da chuva e do sol, das estações. Tem que estar ligada ao nosso planeta. Seu instinto tem que estar naturalmente desperto, ligado aos fluxos da natureza.

Humpf! Eu fui criada em cidade grande... Então não posso ser uma fadinha?

Não é bem assim, Ana! Tem gente que é criado na roça e nunca terá raízes de verdade... E há pessoas que conseguem isso com o simples contato com um vasinho de flor . Ou um aquário, ou um cercadinho de grama...

E porque é tão importante esse vínculo com a natureza?

Muita gente vive como se o mundo fosse um grande shopping. E isso não é verdade. Nosso mundo não é um shopping. Nem somos meros hóspedes. Somos parte desse mundo! Quem não se sente verdadeiramente parte dele, para usufruir e contribuir, perde a oportunidade de ter o mais certeiro vínculo com o criador: a natureza.

V. Caráter

O próximo elemento na formação de Nilly é o caráter. Existem vários processos para se formar o caráter. Como exemplo vou falar como foi o meu caso.

Tive o privilégio de ser filho de uma contadora de histórias! Minha mãe contava para nós, seus filhos, as histórias da carochinha, do nosso folclore, de todos os tipos! Histórias que vieram das avós de nossas avós, desde o início dos tempos...

Você já viu como criança pede pra repetir várias vezes a mesma história? Pois os pais deviam aproveitar esses momentos – preciosos momentos, eu diria – para passar ensinamentos a seus filhos. Porque nesses momentos se cria na alma da criança o vínculo com o bem!

E essa é outra chave para ser uma fadinha de verdade. A pessoa tem que ter o caráter forjado na pureza do bem! E não há nada que seja mais forte para isso que a poesia, aventura e romance de uma história que ouvimos quando criança.

Ixi, tô lascada!!! Minha babá foi uma televisão.

Ai, ai, ai... Sua e da maioria das crianças de hoje em dia. Mas dá pra recuperar. Sempre dá!

Esse negócio de ser do bem é algo que me intriga. A maioria das pessoas que se dizem do bem, são de um bem, vamos dizer assim, um bem meio “água com açúcar”. Chamo isso de “bondeza”. Uso essa palavra significando uma mistura de bondade com fraqueza... E isso não é ser do bem de verdade. Para ser do bem de verdade é necessário atitude. Mais do que isso: É necessária uma grande dose de sabedoria.

VI. Cultura

O terceiro ponto na formação de uma fada de verdade é a cultura. Não me refiro apenas ao que se ensina nas escolas, mas principalmente a um tipo de cultura que só se adquire por meio de livros. Outras formas também são importantes, como filmes, viagens, convívio com pessoas de vasto conhecimento. Mas a leitura é obrigatória.

A melhor forma de transcender nossa própria idade é por meio da leitura.

Explico: Uma pessoa com 20 anos de idade e que nunca leu, tem uma vida interna de 20 anos, pouco mais pouco menos, conforme viveu a própria vida. Mas se uma pessoa tem o hábito da leitura isso faz com que sua vida pareça muito mais longa... É como se a pessoa acrescentasse à própria vida a de grandes homens. É como viver várias vidas em uma.

Vou lançar aqui um índice sem muitas pretensões: o índice “Multivida”. Para calcular a multivida que uma pessoa tem, pegamos a idade dela e somamos mais 10 anos para cada grande autor que ela leu. Mas tem que ler de verdade... A leitura tem que provocar inquietudes internas.

Lembro, por exemplo, de ler “A Metamorfose”, de Kafka, quando eu tinha uns 15 anos. Na época o livro me causou uma inquietação que eu não conseguia explicar para mim mesmo. Eu pensava comigo mesmo: como é que pode, um disparate daqueles, uma história sem pé nem cabeça, de um homem que acorda transformado em barata, fazer a gente ficar pensando nisso semanas e semanas?

Ana, anota aí...

Sim.

Ler Kafka aos 15 anos tem peso 2, ok?

Ok! Tem mais algum com peso 2?

Rsrs! Cada um pode fazer sua própria contagem, de acordo com a - importância que a leitura teve no seu interior.

Posso contribuir com minha lista?

Claro, Ana! Por favor!!!

Imagino Nilly lendo Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Fernando Pessoa, Manuel de Barros, Machado de Assis, Nelson Rodrigues, João Cabral de Melo Neto, Ariano Suassuna, Monteiro Lobato, Gabriel Garcia Marques, Krishnamurti, Richard Bach, Antoine de Saint-Exupéry, Tolstói, Murilo Rubião e muitos outros...

Explêndido, Ana! Você me surpreende... Mas tem uma leitura obrigatória para uma fadinha. Quando eu encontrar Nilly, se ela ainda não leu, vou presenteá-la com o livro: “Mulheres que correm com os lobos”, da Clarissa Pinkola Estés. Esse é um livro que revela vários segredos da alma feminina... Leitura obrigatória para homens e mulheres.

Tô fazendo as contas aqui... Já deu mais de 15 autores. Contando Kafka com peso 2... Só de leitura dá uns 170 anos!

É mesmo! Mas vou te contar uma coisa, Ana! Isso não vale nada se não for incorporado como sabedoria interna. Muita gente apenas lê de uma forma fria... Chamo de “intelectualice”. Não vale nada!

VII. A maldição da beleza

Aqui temos a primeira armadilha na vida de Nilly. Eu chamo de “maldição da beleza”.

A beleza pode ser anestesiante na vida de uma pessoa. Faz adormecer o querer, a luta, a garra... Faz com que a pessoa se acostume com as facilidades da vida. Oferece um caminho ilusoriamente fácil.

Principalmente para as mulheres. A vida de uma mulher muito bonita é muito facilitada. Desde criancinha. Todo mundo quer agradar, todo mundo ajuda.

Se a pessoa não se impõe, se não busca construir a vida com as próprias mãos, ela vai se acostumando com as facilidades. Como um passarinho de gaiola, não sabe lutar.

Quanto mais bonita uma mulher, mais rebelde ela deve ser. Ela deve se rebelar contra as facilidades transitórias que a beleza lhe proporciona.

Vejo Nilly como uma mulher de atitude. Chamo de atitude a capacidade de fazer as coisas acontecerem. A capacidade de lutar pelo que se quer, a capacidade de ser o construtor ativo do próprio destino.

Isso também é um traço do caráter que adquirimos na infância. Essa capacidade é construída pelo incentivo a pensar por si próprio. E a fazer as coisas por si próprio também. Essa capacidade de transformar sonhos em realidade é uma capacidade adquirida. Começa com pequenas coisas e vai se consolidando como “atitude”.

Esse é o segredo de “O Segredo”: atitude!

Ta bom! Mas até agora só vi uma pessoa interessante... Não estou vendo nenhuma fadinha! Essa Nilly é uma menina com infância feliz, caráter, estudada e bonita. Cadê a magia?

Verdade, Ana! Vou começar a falar agora das coisas que vão diferenciar Nilly das outras mulheres... Agora começam os elementos transformadores, que levam a pessoa a transcender o mundo comum.

VIII. Religiosidade / Espiritualidade

Ana, vou contar uma coisa: estou aqui falando da vida de Nilly. Não estou falando sobre o certo e o errado... Entende?

Explique melhor...

É que vou falar sobre temas polêmicos: a religiosidade e a espiritualidade. Lembre-se que estou contando a história de Nilly e a escolha dela com relação a isso. Porque essa fadinha que estou procurando tem uma posição interessante sobre esses assuntos. E quero deixar bem claro que essa posição não é a grande verdade, ou a única verdade, e que não estou atacando as pessoas que escolhem outros caminhos. Porque Nilly escolheu o caminho da ligação direta com o criador. No Orkut ela teria escrito: “Tenho um lado espiritual independente de religiões”.

Ah! Muita gente põe isso!

Ana, e o que está por trás dessa resposta? Penso que muita gente adota essa posição por puro comodismo... Você já pensou sobre a responsabilidade de escolher essa postura? Ou mesmo qualquer postura?

Como assim?

Algumas pessoas, quando jovens, se acham imortais. Pensam e agem em função do mundo material, do mundo dos prazeres, da conquista. As preocupações espirituais adormecem. Por um período. Outras entregam as decisões espirituais na mão de terceiros... Seja uma religião, um pastor, uma seita, um modismo ou até mesmo um livro.

E o que tem isso de ruim? Eu mesma tenho minha religião e me sinto muito bem nela!

Por isso falei no início que não estou querendo julgar o certo e o errado. Lembre-se, estou contando a história de Nilly! E ela optou pelo caminho da independência espiritual... Com todas as implicações e riscos que isso acarreta.

IX. Sofrimento

Se há algo que faz com que as pessoas evoluam esse algo é o sofrimento. O sofrimento age como um processo transformador. Faço uma analogia com o vinho. Até aqui, descrevi a formação da uva. O frescor da natureza, a doçura do caráter, a riqueza da cultura, a pujança da beleza, o buquet da independência espiritual... A uva está no ponto para o próximo estágio: a metamorfose! Nesse ponto Nilly está pronta para se transformar em uma fada.

Não é um processo indolor. Muita coisa pode dar errado nessa transformação. Pra começar, o vinho pode se transformar em vinagre. Ou mesmo em vinho de baixa qualidade. Há que se aguardar o período certo de maturação, o período de recolhimento...

Vou indicar um Blog / Livro que mostra isso com muito mais eloqüência que eu poderia imaginar:

Nas horas tristes, filho, não diga nada. Coloque um silêncio bem alto no aparelho de som. E comece a escrever bem baixinho. (Chorar até que pode, desde que não lhe embace a vista). Só não pare: tristeza é pra escrever. Tome posse dessa dor que é toda sua. Até que passe e venha outra mais bonita. (GUERRA, Cristiana. 2009)[1]

É uma história linda, triste, profundamente tocante... Confesso que chorei várias vezes ao ler o livro.

Ana, lembra do nosso índice Multivida, do capítulo VI?

Claro!

Anote aí: chorar ao ler também tem peso 2, concorda?

Apoiado! Mas... Posso fazer uma pergunta?

Claro!

É sobre essa história de sofrimento. Nunca tive um grande sofrimento na vida... Não como o da Cris Guerra, por exemplo!

Não se preocupe, minha fadinha! Não importa se você é pobre, rica, velha, nova, bonita ou feia... A vida vai te dar todo sofrimento que você precisar...


[1] Blog para Francisco. Para aprender a melancolia. Disponível em: <http://parafrancisco.blogspot.com/2009/06/adoro-palavra-melancolia.html>. Acesso realizado em 20 de julho de 2010.

X. A arte

Uma das características de uma fadinha de verdade é ela ser uma artista. Não importa se ela é dançarina, escritora, poetisa, pintora, cantora, compositora, escultora...

A arte é um dos indícios mais certeiros para se identificar se a mulher é uma fada. Não que toda fada seja uma artista, ou toda artista seja uma fada...

A arte é um canal de ligação entre o mundo físico e o mundo superior. Digo isso sobre arte de verdade... Arte como os textos de Clarice Lispector, ou músicas do Chico Buarque.

Na realidade, ser uma fada é uma arte!

Imagino Nilly escrevendo algo assim:

Sempre ande com as próprias pernas porque minha cabeça pesada exige o meu par inteiro. Mas me abrace porque meu colo de mulher e meu torso e dorso exigem o peso de outro mundo além do meu. E nos levo, leve. Assim.

....

Se ama, nem sempre diga que ama. Mas sempre que disser, que haja susto.
( Natália Nunes)

Uau! Que lindo! Quem é essa Natália Nunes?

Ana, ainda não conheço a Natália pessoalmente. Natália Nunes é um mistério. Gostaria de conhecê-la... Mas perceba o que você sente ao ler esse trecho de poesia: É algo profundo, vem lá do fundo da alma... É isso que chamo de arte de verdade!

Faz muito sentido isso que você está dizendo... Mas ainda não consigo visualizar uma “Fada”! Ainda penso em fada como um ser mágico... Do jeito que você está falando parece uma pessoa especial, mas normal!

Ana, você tem razão. As fadas de verdade são pessoas especiais... e normais, ao mesmo tempo. A magia delas está em saber despertar em nós o melhor de nós mesmos!

XI. Mais um conto de fadas... De verdade!

Ana, vou te contar mais um conto de fadas de verdade. É a História da Bela Adormecida!

Será? Lembro dessa história... Quando era criança adorava essa história, mas hoje me parece meio bobinha... A princesa fica dormindo até o príncipe beijá-la! O que tem de real nisso?

Vamos lembrar então. Muito resumidamente, a princesa convidou 3 fadas para serem madrinhas em seu aniversário, certo? As fadas Fauna, Flora e Primavera... E esqueceu-se de convidar a bruxa malévola. Pois a Bruxa malévola, para se vingar, lançou um feitiço que a fez adormecer.

Isso mesmo. Depois veio um príncipe e deu um beijo e ela despertou! Cadê a verdade nisso?

É o seguinte, Ana! Lembra do beijo da princesa no sapo?

Tinha esquecido disso... E daí?

Do mesmo modo, não basta um simples beijo... – Porque o feitiço que adormece as princesas têm vários nomes: - Materialismo, vaidade, competição... Talvez Nilly esteja adormecida, Ana! E penso que o feitiço que a fez adormecer é outro: Chama-se Solidão. As fadas de verdade são tão poucas, que às vezes vêm ao mundo e não encontram ninguém de sua estirpe... E como precisam se adaptar ao mundo seu lado mais nobre adormece. E agora as duas histórias se unem...

– As duas histórias? Do sapo e da Bela Adormecida?

– Isso! ...Porque a magia é recíproca, Ana. A princesa, para despertar e se tornar Fada, precisa do Príncipe. E o sapo, para virar príncipe, precisa da Fada.

– E Nilly?

– Queria mandar uma coisa pra ela.

– O que?

– Um beijo!